segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A morte e o homem

“Morrer é que me assusta.”
- Montaigne, escritor francês, 1533-1592.

Mas afinal o que é a morte? Medicinalmente já foi vista de várias maneiras, mas a ciência acabou “ressuscitando” muitos pacientes seguindo os conceitos antigos, hoje uma simples parada cardíaca não significa nada. Ou mesmo uma morte cerebral não vem a designar uma morte concreta e verdadeira. Bom, todavia, A morte SEMPRE foi e SEMPRE será o MAIOR MEDO do homem.

O homem teme a morte, como quem teme perder tudo. Após viver e conquistar, ganhar conforto, constituir família, estabelecer relações, o homem teme morrer. Ele aprende a seguir o curso da vida, irrefutável, incessante e que nos aproxima cada vez mais do fim. A morte é o MAL MAIOR e não há pior medo nesse mundo do que o próprio fato de sair dele e estar DESTINADO a ele. É incrível, mas o homem nasce e cresce já destinado a isso, e VIVE sabendo disso, dia após dia mais próximo do final, sabendo que se for à rua pode morrer, DENTRO de casa pode morrer, e até mesmo PARADO pode encontrar a morte! Está claro o quanto o homem é vulnerável e susceptível a isto. Já não bastassem essas razões o medo é implantando desde a infância, representando a morte como a pior catástrofe numa estória, e quando o personagem morre não se considera um final feliz, e por que não? Perda. No fundo de suas mentes o homem sabe que o significado da morte é PERDA.

Muitos não chegam a admitir, mas a morte atormenta-os mais do que tudo. Religiões, crenças, folclore, mitos, lendas, todo tipo de fé cega o homem e o faz acreditar num ideal sem ter provas sobre aquilo, e é por isso que se chama fé, claro. E muitas linhas de pensamento fazem o homem acreditar que o fim não se resume à morte. Teorias de reencarnação, de vida pós-morte, são bem comuns. E porque o homem acredita tão facilmente em algo que ninguém NUNCA vai poder provar? Porque acreditar TÃO cegamente nessas teorias? Simples, caros leitores: Porque humanos são assim.

...

“O homem é um ser que conhece a morte, mas que não pode acreditar nela.” – citação de E. Morin, sociólogo e filósofo francês.

Confortam suas mentes acreditando que terão uma “segunda chance”, que fazendo o bem na Terra seguirão ao paraíso (aliás, muitos pseudo-altruístas praticam o “bem” apenas por esse motivo), que aqui é apenas uma etapa, e etc. Claro, também existem pessoas que não pensariam duas vezes em arriscar ou até mesmo sacrificar sua vida por alguém ou algum ideal, mesmo temendo a morte eles fazem o que têm que fazer. Mas esses são casos raros, principalmente em tempos como esse que o humano está cada vez mais animal e perdendo a sabedoria, no entanto os que sabem sacrificar sua vida por um bem, provam mais que o bastante seu verdadeiro altruísmo e dignidade. Quanto aos que dizem não temer a morte, lá no fundo eles temem, por mais que digam que não, eles olham a rua ao atravessar, eles temem assaltos, temem lugares perigosos. Quem diz não temê-la é porque já entendeu que ela é inevitável, porém ainda tenta evitá-la o máximo possível, como todo ser.

São tantos os mistérios sobre a morte, e todos fora do alcance da ciência, porque segundo a própria: se ela não alcança é porque não existe. Uma maneira favorável de pensar não? Mas pensar que alguém te daria a salvação te livrando da morte (justo o mal inevitável), é bem favorável também, principalmente para manter a fé em uma instituição. Então fica a dúvida acreditar ou não?

Cada um faz sua escolha, mas “A Verdade” só surgirá quando este dia chegar. Há também os casos de quase-morte: pessoas que chegaram próximas da morte e tiveram sensações semelhantes tais como tranqüilidade, uma grande claridade, conversa com alguém falecido, mas isso não prova nada. Já é provado que tais sensações são causadas pela liberação de endorfina, um hormônio que causa bem-estar e diminui o estresse (além de outras funções), é uma reposta imunológica para que a pessoa não sinta dor em seus momentos finais. E isso resume ao mais próximo da morte que alguém já chegou o mais próximo do “outro lado”. A Verdade que ninguém jamais saberá responder, uma limitação eterna ao homem. E onde apenas a fé predomina, não conhecemos a verdade (The Truth).

E por mais curiosidade que o homem possa ter jamais se arriscaria a tentar tal ato só para conhecê-la. Mas e os suicidas? Por que se matariam? Por uma série de distúrbios emocionais, óbvio, mas quando um ser humano toma essa decisão é porque realmente está abalado, trata-se de uma situação muito séria, é sentir-se perdido no mundo, é perder A ESPERANÇA! Sim, a esperança, a única coisa que ainda temos mesmo quando perdemos tudo. E vos digo uma coisa: estamos num mundo podre, e decaindo, e pessoas sofrem, e choram, e outras riem delas, mas precisamos de pessoas que lutem pelos seus ideais, que mudem o mundo e tracem seu próprio destino! Um homem que não acredita no amanhã, já morreu e não sabe.

...

E concluo esta postagem com duas citações do livro “Ensaios” de Michel de Montaigne:

“Os homens vão e vêm, correm e dançam, e nem uma palavra sobre a morte. Tudo bem: e, no entanto, quando ela os toca, ou às suas mulheres, ou filhos, ou amigos, surpreendendo-os desprevenidos, despreparados, ah que tormento, que gritaria, que loucura, que desespero.

A morte assusta-nos, é um tormento perpétuo, para o qual não há qualquer tipo de consolação, podemos continuamente desviar as nossas cabeças, como num campo suspeito, mas não a podemos esquecer.”

Todavia, não importa quando ou como a morte nos atinge, seja em pessoas próximas ou em si mesmo, ela é inevitável, o que importa é o que fazem durante a vida. O que as farão ser lembradas, o que as tornarão IMORTAIS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário